Poema à Mosca
Pobre irmã mosca, triste insecto díptero, abundante de olhospara não ver a teia, para não respirar as trevas à luz do dia!
.Como eu te invejo, mas martirizo com vidros transparentesazuis-brancos, imitações de fruta, aromas a romã, outras sinaiscom que perdes a cabeça e ganhas o engenho da cópula, nas lides, nas tardes chãs de apenas buscar a seiva árida!
Ah, minha querida mosca, meu devaneio de ser homemcom olhos dentro dos olhos, para ver outras realidades, cores,dimensões que tu nunca mediste, na tua inocência agráriade apenas medir o tamanho do teu voo, das tuas patas ágeispara desembarcar nos espaços nus onde reina a tranquilidade,um lugar para existir devagar sobre as coisas que são as tuasonde encontrar outra mosca irmã, para completar a crónica.
Poesia de Vieira Calado
.Como eu te invejo, mas martirizo com vidros transparentesazuis-brancos, imitações de fruta, aromas a romã, outras sinaiscom que perdes a cabeça e ganhas o engenho da cópula, nas lides, nas tardes chãs de apenas buscar a seiva árida!
Ah, minha querida mosca, meu devaneio de ser homemcom olhos dentro dos olhos, para ver outras realidades, cores,dimensões que tu nunca mediste, na tua inocência agráriade apenas medir o tamanho do teu voo, das tuas patas ágeispara desembarcar nos espaços nus onde reina a tranquilidade,um lugar para existir devagar sobre as coisas que são as tuasonde encontrar outra mosca irmã, para completar a crónica.
Poesia de Vieira Calado
em Terrachã, ed. AJEA
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